segunda-feira, 6 de junho de 2016

OS NOVOS POVOAMENTOS NO ANTROPOCENO* - Texto apresentado no IV Seminário de Comunicação e Cultura do Ouvir na Faculdade Casper Líbero, no dia 3 de junho de 2016.

* O tema deverá ser desenvolvido durante o ano e suas conclusões apresentadas no próximo seminário do GP Comunicação e Cultura do Ouvir.

Cientistas, acadêmicos e outros coletivos que estão atentos ao curso do Antropoceno, consideram que o eurocentrismo, o aceleracionismo, o progresso, enfim, o capitalismo, devem ser pouco a pouco desmoronados para a sobrevivência do planeta, dos humanos e não humanos. O indigenista Antonio Viveiros de Castro e Bruno Latour prescrevem um combate para essa era geológica, reconceituando as nocões de humanidade para terranos, futuros terranos, aqueles que compõem com Gaia uma aliança. Estamos no início desse processo de novos povoamentos, novos modos de existência. Segunto Viveiros de Castro esse novos povoamentos são fruto de resistência, amplo movimento marginalizado e clandestino, a favor de Gaia. Mas seriam apenas essas novas populações sementes de resistência? Onde se encaixam a multiplicidade dos gritos dos corpos excluídos, refugiados de guerra, de minorias, de desterrados? Ou serão eles apenas mercadorias indesejadas e que deveriam ser exterminadas? O filósofo Peter Paul Pelbart, em artogo , ainda no prelo, afirma que Martin Heiddeger teria proferido a catastrófica frase de que os desterrados deveriam ser exterminados. Esse é um projeto ainda em curso? O que podemos dizer sobre os 8 mil refugiados que morreram, vítimas de naufrágio, desde o ano de 2014?
Para qualquer Estado, conforme Gilles Deleuze (Mil Platôs) não é só vital vencer o nomadismo, mas controlar as migrações, "fazer valer uma zona de direitos sobre todo um exterior". Mesmo assim, um novo potencial nomádico aparece, ressurge. O deleuziano David Lapoujade traduz os conceitos sobre o nomadismo e novas populações que estão por vir, no livro "Movimentos Aberrantes". Enfim, a  pergunta de Vilém Flusser: Habitar casas ou Acampar? Abaixo, trecho extraído de seu artigo:"...Estamos reunidos aqui no celeiro para pensar a fundo o possível fim da nova Idade da Pedra..."Deste período de sedentarismo... "Efetivamente se acumulam indícios de que temos ficado sentados cumprindo a condenação de nosso tempo... O pecado original tem um nome pós-moderno, a saber, a catástrofe ecológica... "Não podemos mais sentar... "Esta existência nômade à busca do outro no deserto do nada..."