sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Entre a docência e o “diálogo impossível”

Revelando seus próximos projetos o prof. Ciro Marcondes Filho, em curta entrevista, fala um pouco sobre a relação professor-aluno e dá algumas sugestões para quem quer enveredar pelos caminhos da docência. Considerado entre os acadêmicos como o filósofo da Comunicação, Ciro é jornalista e sociólogo com doutorado em Frankfurt na Alemanha. Publicou dezenas de livros, entre eles “Escavador de Silêncios” e “Perca Tempo”. É professor há 33 anos e titular da disciplina Teoria da Comunicação na ECA, USP.

Abaixo a transcrição da entrevista concedida em novembro deste ano:

Helena Charro - Como encara a docência.
Ciro Marcondes Filho – Uma atividade nobre: intervir num momento decisivo de formação intelectual e pessoal do aluno, abrindo-lhe horizontes.
hc - Como é a relação professor/aluno.
cmf – A relação é a de criação do caos, questionamento de saberes e valores assentados e proposição de novas formas de ver e sentir o outro e as coisas.
hc – Gostaria de modificar alguma coisa no curso de graduação ou na instituição?
cmf – Modifico todos os semestres: texto básico, esquema de avaliação, relação professor/aluno.
hc – Há boas chances de emprego para os alunos que se formam na ECA?
cmf – Não necessariamente naquilo que eles se formaram, mas, no geral, eles encontram emprego.
hc – Professor, filósofo, escritor, coordenador do núcleo José Reis, idealizador e coordenador do grupo especial de estudos da “filocom”, há ainda outros projetos?
cmf – Sempre haverá projetos; sem projetos não há trabalho intelectual. Após a “Nova Teoria”, que durou 20 anos, há o projeto “Homem/Mulher: O diálogo impossível”.
hc – Sugestões para quem quer ser professor universitário:
cmf – Seguir o exemplo dos grandes pensadores: valorizar a busca do saber, a persistência, a independência teórica e intelectual; mudar sempre, buscar continuamente a inovação, os novos olhares, a criação: respeitar o aluno, ouví-lo, vê-lo, dar-lhe voz, acompanhá-lo. Ser mais amigo que professor, estimular sua discussão, torcer para ele excedê-lo. Não submeter-se a igrejinhas acadêmicas, não eleger nenhum autor como insuperável, não se desprezar enquanto capacidade e potencial. Acreditar a si mesmo. Ser bom, generoso, solidário, acolhedor.

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